Sorgo sacarino desponta como alternativa na produção de etanol

A demanda mundial por combustíveis renováveis tem-se expandido rapidamente nos últimos anos. Para a Embrapa Milho e Sorgo, o sorgo sacarino é uma alternativa para a produção de etanol.


Menor custo, autossuficiência em relação aos países exportadores de petróleo, redução do volume de emissões de gases do efeito estufa, incertezas a respeito da disponibilidade futura de recursos não renováveis e tensões geopolíticas em regiões produtoras do combustível fóssil são alguns dos fatores que têm despertado grande interesse pelos biocombustíveis. "Estes são os mais viáveis substitutos para o petróleo, em escala significativa. Além do apelo ambiental, o desenvolvimento de motores flex, no Brasil, aumentou ainda mais a demanda por este combustível", analisa o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) Rafael Augusto da Costa Parrella, da área de melhoramento genético de sorgo.

Na visão do pesquisador, o sorgo sacarino é uma ótima opção, sob os pontos de vista agronômico e industrial, para a produção de etanol. Segundo ele, está havendo uma grande procura por cultivares para o fornecimento de matéria-prima durante a entressafra de cana-de-açúcar, que vai de janeiro a março, "e assim reduzir o período de ociosidade das destilarias". "Outra vantagem é que pequenos agricultores podem utilizar o sorgo sacarino em mini e microdestilarias para a produção de etanol ou até aguardente. A cultura do sorgo se sobressai em regiões marginais, onde não se produz cana, com baixa precipitação e solos ácidos, como o Norte de Minas e o Nordeste do Brasil", enumera o pesquisador.

Outras vantagens do sorgo para a produção de etanol, se comparado à cana, são os derivados que a planta gera, como seu bagaço, que apresenta melhor qualidade biológica para o fornecimento na alimentação animal. O cereal ainda produz grãos, em torno de 2,5 toneladas por hectare. "A cultura do sorgo é totalmente mecanizável e complementa o cultivo da cana, estendendo o período de colheita por mais quatro meses", mostra Parrella. "Diante das características reveladas em outros países, principalmente nos Estados Unidos, Índia, China e em alguns países da Europa, o sorgo sacarino deve encontrar seus nichos no Brasil", defende.

Novas cultivares estarão no mercado até 2012

A Embrapa Milho e Sorgo possui um programa de desenvolvimento de cultivares de sorgo sacarino desde a época do Pró-Álcool, programa que previa a substituição em larga escala dos combustíveis veiculares derivados do petróleo por álcool, financiado pelo governo a partir de 1975 devido à crise do petróleo em 1973. Três cultivares de sorgo sacarino foram lançadas pela Empresa na década de 1980 (a variedade BRS 506 e os híbridos BRS 601 – que ainda permanece no mercado – e o BRS 602). "Estes materiais são bastante produtivos e apresentam rendimento de aproximadamente quatro mil litros por hectare de etanol em um período de três meses e meio", apresenta o pesquisador.

Atualmente, segundo Rafael Parrella, 25 novas variedades de sorgo sacarino estão sendo avaliadas pela Embrapa Milho e Sorgo em diversas regiões brasileiras por um período mínimo de dois anos. "Desta forma, esperamos lançar novos materiais em um prazo de até três anos", adianta. De acordo com o pesquisador, estas variedades são bastante promissoras e apresentam produtividade em torno de 50 toneladas por hectare de biomassa verde por ciclo e boa sanidade de folhas. Além disso, estão sendo realizados novos cruzamentos visando o desenvolvimento de linhagens sacarinas, inexistentes no Brasil hoje. "Estas linhagens serão utilizadas para a confecção de híbridos experimentais sacarinos, que serão avaliados em todas as regiões brasileiras para posterior recomendação", adianta.

Outra vertente – denominada segunda geração de biocombustíveis, onde a matéria-prima precisa passar por hidrólise para ser fermentada e produzir o biocombustível – também vem sendo desenvolvida pela Embrapa Milho e Sorgo. "Para esta tecnologia, estão sendo desenvolvidos híbridos experimentais de sorgo, sensíveis ao fotoperíodo, que apresentam alta produtividade de biomassa por hectare (50 toneladas por hectare de matéria seca). A curto prazo, esta tecnologia estará definida e será necessário possuir matrizes energéticas capazes de atender a esta nova demanda com a maior eficiência possível", conclui o pesquisador.

Guilherme Ferreira Viana
Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)
www.cnpms.embrapa.br
Artigo retirado do site do grupo Cultivar
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Sobre Francetto

É Eng. Agrícola e mestre em Eng. Agrícola. Atualmente é doutorando em Eng. Agrícola do Programa de Pós-Graduação em Eng. Agrícola da Universidade Federal de Santa Maria e membro do Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento de Máquinas Agrícolas.
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